A Insurreição Pernambucana ocorreu no contexto da ocupação
holandesa na região Nordeste do Brasil, em meados do século XVII. Ela
representou uma ação de confronto com os holandeses por parte dos portugueses,
comandados principalmente por João Fernandes Vieira, um próspero senhor de
engenho de Pernambuco. Nessa luta contra os holandeses, os portugueses contaram
com o importante auxílio de alguns africanos libertos e também de índios
potiguares.
A oposição dos
portugueses aos holandeses ocorreu em decorrência da intensificação da cobrança
de impostos e também da cobrança dos empréstimos realizados pelos senhores de
engenho de origem portuguesa com os banqueiros holandeses e com a Companhia das
Índias Ocidentais, empresa que administrava as possessões holandesas fora da
Europa.
Outro fato que
acirrou a rivalidade entre portugueses e holandeses foi a questão religiosa.
Boa parte dos holandeses que estava na região de Recife e Olinda era formada
por judeus ou protestantes. Nesse contexto religioso que trazia as
consequências da Reforma e da Contrarreforma para solo americano, o catolicismo
professado pelos portugueses era mais um elemento de estímulo para expulsar os
holandeses do local.
Os conflitos
iniciaram-se em maio de 1645, após o regresso de Maurício de Nassau à Holanda.
As tropas comandadas por João Fernandes Vieira receberam o apoio de Antônio
Felipe Camarão, índio potiguar conhecido como Poti que auxiliou no combate aos
holandeses junto a centenas de índios sob seu comando. Outro auxílio recebido
veio do africano liberto Henrique Dias. A Batalha do Monte Tabocas foi o
principal enfrentamento ocorrido nesse início da Insurreição. Os portugueses
conseguiram infligir uma retumbante derrota aos holandeses, garantindo uma
elevação da moral para a continuidade dos conflitos. Além disso, os insurrectos
receberam apoio de tropas vindas principalmente da Bahia.
Outro
componente envolvido na Insurreição Pernambucana estava ligado às disputas que
havia entre vários países europeus à época. Durante a Guerra dos Trinta Anos
(1618-1648), os espanhóis estavam em confronto com os holandeses pelos
territórios dos Países Baixos. Era ainda o período da União Ibérica, em que o
Reino Português estava subjugado ao Reino Espanhol.
Nesse sentido,
a posição holandesa em relação a Portugal era dúbia. Em solo europeu, os
holandeses apoiavam os portugueses contra o domínio espanhol, mas, ao mesmo
tempo, ocupavam territórios portugueses na África Ocidental e no Brasil, sendo
que além da região pernambucana, os holandeses tentaram ainda conquistar
algumas localidades no Maranhão e em Sergipe.
No início de 1648, Holanda e Espanha selaram a paz, e os
espanhóis aceitaram entregar aos holandeses as terras tomadas pelos insurrectos
portugueses em Pernambuco. Frente a tal situação, o conflito continuou. Em
Abril de 1648, ocorreu a primeira Batalha dos Guararapes, em que os holandeses
sofreram dura derrota, abrindo caminho para o ressurgimento do domínio
português a partir de 1654.
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