sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Para se aprofundar mais em Insurreição Pernambucana

A Insurreição Pernambucana ocorreu no contexto da ocupação holandesa na região Nordeste do Brasil, em meados do século XVII. Ela representou uma ação de confronto com os holandeses por parte dos portugueses, comandados principalmente por João Fernandes Vieira, um próspero senhor de engenho de Pernambuco. Nessa luta contra os holandeses, os portugueses contaram com o importante auxílio de alguns africanos libertos e também de índios potiguares.
    A oposição dos portugueses aos holandeses ocorreu em decorrência da intensificação da cobrança de impostos e também da cobrança dos empréstimos realizados pelos senhores de engenho de origem portuguesa com os banqueiros holandeses e com a Companhia das Índias Ocidentais, empresa que administrava as possessões holandesas fora da Europa.
    Outro fato que acirrou a rivalidade entre portugueses e holandeses foi a questão religiosa. Boa parte dos holandeses que estava na região de Recife e Olinda era formada por judeus ou protestantes. Nesse contexto religioso que trazia as consequências da Reforma e da Contrarreforma para solo americano, o catolicismo professado pelos portugueses era mais um elemento de estímulo para expulsar os holandeses do local.
    Os conflitos iniciaram-se em maio de 1645, após o regresso de Maurício de Nassau à Holanda. As tropas comandadas por João Fernandes Vieira receberam o apoio de Antônio Felipe Camarão, índio potiguar conhecido como Poti que auxiliou no combate aos holandeses junto a centenas de índios sob seu comando. Outro auxílio recebido veio do africano liberto Henrique Dias. A Batalha do Monte Tabocas foi o principal enfrentamento ocorrido nesse início da Insurreição. Os portugueses conseguiram infligir uma retumbante derrota aos holandeses, garantindo uma elevação da moral para a continuidade dos conflitos. Além disso, os insurrectos receberam apoio de tropas vindas principalmente da Bahia.
    Outro componente envolvido na Insurreição Pernambucana estava ligado às disputas que havia entre vários países europeus à época. Durante a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), os espanhóis estavam em confronto com os holandeses pelos territórios dos Países Baixos. Era ainda o período da União Ibérica, em que o Reino Português estava subjugado ao Reino Espanhol.
    Nesse sentido, a posição holandesa em relação a Portugal era dúbia.  Em solo europeu, os holandeses apoiavam os portugueses contra o domínio espanhol, mas, ao mesmo tempo, ocupavam territórios portugueses na África Ocidental e no Brasil, sendo que além da região pernambucana, os holandeses tentaram ainda conquistar algumas localidades no Maranhão e em Sergipe.
No início de 1648, Holanda e Espanha selaram a paz, e os espanhóis aceitaram entregar aos holandeses as terras tomadas pelos insurrectos portugueses em Pernambuco. Frente a tal situação, o conflito continuou. Em Abril de 1648, ocorreu a primeira Batalha dos Guararapes, em que os holandeses sofreram dura derrota, abrindo caminho para o ressurgimento do domínio português a partir de 1654.


Para se aprofundar mais em Conjuração Fluminense

Assim como na Inconfidência Mineira, a Conjuração Fluminense (ou conjuração carioca ou conjuração do Rio de Janeiro) criticava a monarquia, a dependência do Brasil frente a Portugal e defendia a sua emancipação. A conjuração fluminense tinha clara afinidade com os ideais iluministas, sendo inclusive acusados de objetivarem um país dependente não de Portugal, mas sim da França napoleônica.
Esse movimento, constituído no Rio de Janeiro, formou a Sociedade Literária. Inicialmente, essa sociedade debatia assuntos culturais e científicos. Dentre os temas debatidos, estavam a análise da Água , os danos causados pelo alcoolismo e, em 1787, a observação do eclipse lunar. Essa sociedade, aos poucos,  foi sendo  constituída por intelectuais que debatiam os ideais iluministas. Um dos integrantes, Mariano José Pereira da Fonseca, foi acusado de ter uma obra de Jean Jacques Rousseau – depois, Mariano defendeu a independência e tornou-se marquês de Maricá.
Contudo, na vida, de vez em quando, aparece um dedo duro. No caso da Conjuração Fluminense, a coisa não foi diferente: Após dedurarem o movimento, os envolvidos foram presos por um pequeno período – após instaurarem a Devassa, não localizaram nenhuma prova concreta de subversão aos valores monárquicos. No movimento, a principal causa defendida estava em torno da liberdade de pensamento e o racionalismo, típicos do iluminismo.


Para se aprofundar mais em Inconfidência Mineira

O que foi

A Conjuração Mineira, também conhecida como Inconfidência Mineira, foi um movimento de caráter separatista, ocorrido em Minas Gerais no ano de 1789, cujo principal objetivo era libertar o Brasil do domínio português. O lema da Conjuração Mineira era “Liberdade, ainda que tardia”.

Principais integrantes da Conjuração Mineira (inconfidentes):

- Tiradentes (Joaquim José da Silva Xavier) – alferes, minerador e tropeiro
- Claudio Manuel da Costa – poeta
- Inácio José de Alvarenga Peixoto – advogado
- Tomás Antônio Gonzaga – poeta
- Francisco de Paula Freire de Andrade – coronel
- Carlos Correia – padre
- Oliveira Rolim – padre
- Francisco Antônio de Oliveira Lopes - coronel

Principais causas:

- Exploração política e econômica exercida por Portugal sobre sua principal colônia, o Brasil;

- Derrama: caso uma região não conseguisse pagar 1500 quilos de ouro para Portugal, soldados entravam nas casas das pessoas para pegar bens até completar o valor devido;

- A proibição da instalação de manufaturas no Brasil.

Objetivos principais:

- Obter a independência do Brasil em relação a Portugal;

- Implantar uma República no Brasil;

- Liberar e favorecer a implantação de manufaturas no Brasil;

- Criação de uma universidade pública na cidade de Vila Rica.

A Questão da Escravidão

Não havia consenso com relação à libertação dos escravos. Alguns inconfidentes, entre eles Tiradentes, eram favoráveis à abolição da escravidão, enquanto outros eram contrários e queriam a independência sem transformações sociais de grande impacto.

O fim da Conjuração Mineira

O movimento foi delatado por Joaquim Silvério dos Reis ao governador da província, em troca do perdão de suas dívidas com o governo. Os inconfidentes foram presos e condenados. Enquanto Tiradentes foi enforcado e teve seu corpo esquartejado, os outros foram exilados na África.



Para se aprofundar mais em Conjuração Baiana



 O que foi

Também conhecida como Revolta dos Alfaiates, a Conjuração Baiana foi uma revolta social de caráter popular ocorrida na Bahia em 1798. Teve uma importante influência dos ideais da Revolução Francesa. Além de ser emancipacionista, defendeu importantes mudanças sociais e políticas na sociedade.

Causas

- Insatisfação popular com o elevado preço cobrado pelos produtos essenciais e alimentos. Além disso, reclamavam da carência de determinados alimentos.

- Forte insatisfação com o domínio de Portugal sobre o Brasil. O ideal de independência estava presente em vários setores da sociedade baiana.

Objetivos

- Defendiam a emancipação política do Brasil, ou seja, o fim do pacto colonial com Portugal;

- Defendiam a implantação da República;

- Liberdade comercial no mercado interno e também com o exterior;

- Liberdade e igualdade entre as pessoas. Portanto eram favoráveis à abolição dos privilégios sociais e também da escravidão;

- Aumento de salários para os soldados.

Líderes

- Um dos principais líderes foi o médico, político e filósofo baiano Cipriano Barata.

- Outra importante liderança, que atuou muito na divulgação das ideias do movimento, foi o soldado Luís Gonzaga das Virgens.

- Os alfaiates Manuel Faustino dos Santos Lira e João de Deus do Nascimento.

Quem participou

- O movimento contou com a participação de pessoas pobres, letrados, padres, pequenos comerciantes, escravos e ex-escravos.

A Revolta

A revolta estava marcada, porém um dos integrantes do movimento, o ferreiro José da Veiga, delatou o movimento para o governador, relatando o dia e a hora em que aconteceria.

O governo baiano organizou as forças militares para debelar o movimento antes que a revolta ocorresse. Vários revoltosos foram presos. Muitos foram expulsos do Brasil, porém quatro foram executados na Praça da Piedade em Salvador.

Você sabia?

- A Conjuração Baiana é também chamada de Revolta dos Alfaiates, pois muitos destes profissionais participaram do movimento.


Conjuração em verso e prosa

Romanceiro da Inconfidência

’’Através de grossas portas,
Sentem-se luzes acesas,
- e há indagações minunciosas
dentro das casas fronteiras
‘Que estão fazendo, tão tarde?
Que escrevem, conversam, pensam?
Mostram livros proibidos?
Leem notícias nas gazetas?
Terão recebido cartas
de potências estrangeiras?(...)
Ó vitórias, festas, flores
das lutas da independência
Liberdade – essa palavra
que o sonho humano alimenta:
que não há ninguém que explique,
e ninguém que não entenda!’’

MEIRELES, Cecília.Romance XXIV ou da bandeira da Inconfidência.
Romanceiro da Inconfidência. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.p. 108.

Para se divertir!










Para saber mais - O quinto e a derrama.

Ciclo do ouro – Extração de diamantes, aquarela de Carlos Julião, c. 1776.

No final do século XVII, inicia o declínio  da exportação do açúcar pelo Brasil e inicia o ciclo do ouro. Nessa época a Europa se voltou para si onde poderiam consumir um açúcar mais barato e com qualidade excelente.

O ciclo de ouro se chama assim, pois no Brasil iniciou a extração e exportação de ouro e se tornou responsável por manter nossa economia na fase colonial do país. Vendo que o açúcar já não estava sendo visado assim mais pelos europeus, buscando novas maneiras de se extrair riquezas do Brasil, Portugal iniciou as extrações de ouro dentro de sua colônia.

Claro que para isso eram necessários equipamentos, obtenção de terrenos férteis e mão de obra barata, consequentemente, essa atividade foi controlada pelos proprietários rurais mais renomados da época.

A obtenção do lucro para Portugal ia através do quinto do que era extraído de ouro no Brasil. O quinto nada mais era do que a retenção 20% do ouro levados às Casas de Fundição, que pertenciam à Coroa Portuguesa. O nome do imposto (taxa cambial) ficou como “quinto” e a fundação de “Casas de Intendência” fiscalizava e controlava tudo o que saía e tudo o que entrava.

Portugal, também requeria a derrama, um novo imposto cobrado para complementar os débitos que os mineradores acumulavam junto à Coroa Portuguesa.

Considerado abusivo, esse imposto tinha muita rejeição pelos mineradores. Era uma prática opressora e injusta, onde em uma data específica divulgada por Portugal, soldados enviados pelas autoridades prendiam quem era contra, que protestava ou se negava a “colaborar”. Sendo assim, a elite intelectual e econômica da época juntou forças para se opor à Portugal. No ano de 1789, um grupo de poetas, profissionais liberais, mineradores e fazendeiros tramavam tomar controle de Minas Gerais e clamar contra a coroa.

Curiosidades - A devassa (Inconfidência Mineira)

INCONFIDÊNCIA MINEIRA
Inconfidentes presos e levados a julgamento.


Nos últimos meses de 1788, os sublevados esperavam o lançamento da derrama pelo Visconde de Barbacena. No entanto, a cobrança dos impostos atrasados não foi executada, e os planos dos revoltosos foram interrompidos. Entre fevereiro e março do ano seguinte, o governador criou uma situação de terror na capitania ao convocar algumas pessoas a comparecer à Junta da Real Fazenda a fim de efetuar os pagamentos atrasados.
Entre essas pessoas estavam Joaquim Silvério dos Reis, que aceitou denunciar os companheiros em troca do perdão de sua dívida e um prêmio pela sua lealdade à Coroa. Onze dos culpados foram sentenciados à morte, mas apenas Tiradentes foi executado e esquartejado. Seus restos mortais foram expostos pela região como uma forma de punição exemplar ao restante da população. Os demais condenados  tiveram suas sentenças comutadas pela “Real Piedade” e “Real Clemência” de d. Maria I, rainha de Portugal, por penas de degredo perpétuo para a África.

Fonte: Livro - História: das cavernas ao terceiro milênio, capítulo 27 (O processo de independência da America portuguesa), p. 334 e 335. 

Curiosidades - Tiradentes.

Tiradentes esquartejado, pintura de Pedro Américo de Figueredo e Melo, 1893.
  
Tiradentes (1746-1792), líder da Inconfidência Mineira e primeiro mártir da independência, Joaquim José da Silva Xavier nasceu em Minas Gerais, filho do proprietário rural português Domingos da Silva Santos. Antes mesmo de frequentar a escola, já havia aprendido a ler e escrever com a mãe. Órfão de mãe aos nove anos e de pai aos 15, ficou sob a tutela de um tio até a maioridade, quando resolveu conhecer o Brasil. Já adulto, foi tropeiro, mascate e dentista prático (daí o apelido); trabalhou em mineração e tentou a carreira militar, chegando ao posto de alferes no Regimento de Cavalaria Regular. Foi na tropa que Tiradentes entrou em contato com as ideias iluministas, que o entusiasmaram e inspirariam a Inconfidência Mineira, a primeira revolta no Brasil Colônia a manifestar claramente sua intenção de romper laços com Portugal, marcando o início do processo de emancipação política do Brasil. A revolta foi motivada ainda pela decisão da coroa de cobrar a derrama, um dívida em atraso desde 1762. A conspiração foi delatada por Joaquim Silvério dos Reis e todos os seus participantes foram presos. Sobre Tiradentes, recaiu a responsabilidade total pelo movimento, sendo o único conspirador condenado à morte. Enforcado em 21 de abril de 1792, teve seu corpo esquartejado e exposto em praça pública. 

Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi o único conspirador da Inconfidência Mineira condenado à morte pelo Estado português, que com sua punição exemplar procurava desencorajar qualquer revolta contra o regime colonial. Tornou-se mártir da Independência e da República.